Prefeito cassado de Leme é barrado e entra em gabinete com a ajuda da PM

sex, 01 de maio de 2015 • 20:06 • Política

O prefeito cassado de Leme, Paulo Blascke (PT), precisou da ajuda da Polícia Militar para entrar no gabinete na manhã desta sexta-feira (1º) e ficou surpreso com a rapidez com que a decisão da Câmara de tirá-lo do poder se concretizou.
 
"Depois da publicação no Diário Oficial, a decisão tem que ser comunicada à Justiça Eleitoral e hoje de manhã, por volta das 7h, já entraram na Prefeitura sem me avisar, sem nada. Fui barrado pelo guarda e, por orientação da juíza, chamei a Polícia Militar para esvaziar o prédio e registrei um boletim de ocorrência", disse Blascke.
 
No boletim, consta que Blascke foi avisado sobre a entrada do vice-prefeito e de vereadores no prédio e que isso gerou preocupação quanto a bens e documentos presentes no local, além do receio de que fosse "plantado" algo no gabinete que posteriormente pudesse lhe causar problemas.
 
Questionado, o procurador da Câmara Municipal, Paulo Hildebrand, explicou à reportagem do Jornal da EPTV que, a partir do momento em que houve a votação pela cassação e o fato foi publicado no Diário Oficial do município, automaticamente, o vice-prefeito, no caso Ademir Zanobia (PSDC), toma posse.
 
Investigação
Segundo Blascke, a notícia de que os vereadores iriam investigá-lo não gerou preocupação. Mas a apuração, para ele, foi permeada por falhas e haverá recurso.
 
"Quando fomos notificados da denúncia na Câmara, ficamos tranquilos porque sabíamos que era uma denúncia política, que não tínhamos nada a temer. Durante a apuração, ficou provado nos autos que a comissão tinha motivos meramente políticos", disse. "Nós vamos recorrer e pedir a nulidade da decisão porque houve irregularidades. Por exemplo, a gente queria apresentar uma gravação e não aceitaram o vídeo. Por diversas vezes me manifestei para que fosse ouvido no processo, mas não fui ouvido", completou.
 
De acordo com Blascke, a expectativa é de que, com o recurso, fique provado que não ocorreram irregularidades na gestão e ele possa voltar a ocupar a Prefeitura. "Vi vereadores que votaram a favor chorando no fim da sessão. Não sei qual compromisso assumiram com o antigo governo. Até o momento, não admitiram nosso governo".
 
Cassação
A Câmara decidiu pela cassação durante a sessão extraordinária realizada na noite de quinta-feira (30). Ao todo, a Comissão Processante (CP) teve 12 votos favoráveis à cassação e cinco votos contra.
 
De acordo com o presidente da CP, o vereador João Machado (PV), quatro denúncias foram apuradas durante os 70 dias de investigação: o atraso do repasse para o fundo de previdência dos funcionários municipais, a licitação para a contratação de caminhões de lixo, a licitação de um terreno para uma associação de cortadores de cana e o descumprimento dos pedidos de informações sobre a gestão.
 
Trocas
O vice-prefeito Ademir Zanobia, que assumiu o lugar de Blascke, é o terceiro no cargo desde a última eleição municipal, em 2012. Nesse pleito, Blascke ficou em segundo lugar e só assumiu porque Sérgio Luiz Dellai, que ganhou a votação, teve o registro da candidatura cassado após ser acusado de dar um desconto de 50% na tarifa da água para a população de baixa renda com fins eleitorais.
 
Em 2006, outro prefeito de Leme também foi afastado do cargo pela Câmara e cassado depois de uma comissão processante. Geraldo Macarenko foi acusado de fraude em licitação e superfaturamento em compra de computadores para escolas municipais.
 
Fonte: Stefhanie Piovezan - Do G1 São Carlos e Araraquara

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