Avaliação: FIAT MOBI 1.0 like on

sex, 15 de abril de 2016 • 22:45 • Autos

por GUILHERME BLANCO MUNIZ
 
Durante a apresentação oficial do Fiat Mobi, o compacto foi tratado como o irmão menor do Uno, “um carro que não dá nem mais, nem menos do que você precisa”. Depois de dirigir o modelo por vias urbanas e rodoviárias, além de levá-lo para nossa pista de testes, podemos dizer que é exatamente isso: o Mobi é uma versão reduzida do Uno, para o bem e para o mal.
 
Nosso primeiro contato com o carro foi na versão Like On, tabelada inicialmente em R$ 42.300. Esta é a configuração que promete entregar o melhor custo-benefício, já com bons itens de série. Independentemente do nível de equipamentos, o motor é sempre 1.0 flex da família Fire, que rende 75 cv e 9,9 kgfm, acoplado ao câmbio manual de cinco velocidades. Confira nossas impressões e o desempenho do Mobi:
 
Impressões ao volante
 
A impressão de que se trata de um mini-Uno é reforçada assim que se entra no modelo. O painel segue desenhos muito semelhantes aos do veterano. Isso significa que o acabamento interno abusa de plástico, mas é honesto. Para evitar que o excesso do material se torne um grande problema estético, a Fiat aplica diferentes texturas nas peças. Uma certa economia fica evidente em detalhes como a manivela dos vidros traseiros (que têm um pouco de rebarba) e no porta-luvas (que além de pequeno, é feito de plástico bem simples e sem qualquer tipo de amortecimento para a abertura). Ao lado do Chery QQ, por exemplo, o acabamento do Mobi é superior. Em comparação ao do Volkswagen up!, a briga é apertada nesse quesito, uma vez que o acabamento do VW é melhor.
 
Em movimento, as semelhanças com o Uno continuam sempre presentes, o que não é necessariamente ruim. Apesar de ultrapassado em relação a novos motores tricilíndricos, o 1.0 Fire dá fôlego ao pequeno no uso em cidades. Mas não espere agilidade, já que o motor só ganha força com giros mais altos, tornando o Mobi um carro de fôlego, porém pouco dinâmico. O câmbio manual tem engates macios e curtos, mas que poderiam ser bem mais precisos. Apesar de não ser extremamente pesada, a direção deveria ser elétrica para facilitar em manobras, assim como a Ford já faz com o Ka (1.0 SE, R$ 41.990) e a VW com o up! (1.0 Move, R$ 40.390), por exemplo.
 
Encontrar uma posição confortável ao volante é uma das grandes perdas do Mobi em relação ao Uno. O ajuste de altura tanto do banco quanto da direção ajudam um pouco nesta tarefa, mas o assento curto é um ponto negativo. Passageiros de altura mediana têm pouco apoio para as pernas, enquanto o encosto é estreito e fará com que pessoas maiores sintam falta de mais apoio lateral. As suspensões priorizam a maciez, mas não deixam o Mobi molenga. O conforto e a filtragem das irregularidades do asfalto são garantidos. Apesar da boa visibilidade no geral, a coluna C (traseira) é notavelmente grossa, dificultando a visão do motorista em manobras ou cruzamentos, por exemplo.
 
A proposta desse carro é levar os dois ocupantes da frente com conforto razoável, logo quem viaja atrás tem espaço bem restrito. Dois adultos podem pegar carona em trechos curtos, provavelmente com os joelhos encostados nos bancos dianteiros. Além disso, o encosto tem ângulo bem reto, para melhorar o aproveitamento do pouco espaço interno. A alternativa joga contra o conforto. O duto central é baixo, o que não é suficiente para que uma terceira pessoa viaje no centro com conforto. Ao menos o formato de caixa deixa bom espaço para a cabeça dos ocupantes.
 
Além de não ser um carro para longos percursos por conta do espaço interno, Mobi tem um porta-malas que não convida os passageiros a programar viagens. São 235 litros de capacidade, segundo a Fiat, menor do que os principais concorrentes. Como opcional ainda sem preço, a montadora venderá uma divisória de porta-malas semelhante à desenvolvida para o VW up! O sistema do Mobi, porém, é bem simples. O ponto positivo fica por conta de os bancos traseiros serem rebatíveis.
 
Custo-benefício
 
Essa configuração já é equipada com bons itens e deve liderar em custo-benefício. Curiosamente, apesar de esta ser a primeira versão que oferece o rádio Connect (com leitor de MP3, entradas USB e auxiliar) de série, esse pode ser um dos seus pontos negativos. Isso porque o sistema, emprestado do Uno, é muito básico, especialmente para um carro com pegada jovem e urbana. Não há, por exemplo, tela sensível ao toque ou sistema de GPS.
 
Já a versão Like (tabelada em R$ 37.900 e inferior à Like On), tem como opcional o mesmo som ou o sistema Live On, que faz com que transforma o celular em central multimídia do carro. Ainda não tivemos oportunidade de testar o sistema, que só estará disponível a partir de junho, mas ele promete oferecer funções muito mais adequadas para a proposta jovem e urbana do carro, como acesso a aplicativos como Waze e Spotify, além de dados de consumo. Durante a simulação que assistimos, o Live On pareceu bem mais adequado e bem resolvido para a proposta do carro do que o veterano rádio Connect, e promete ser um dos principais diferenciais do Mobi. Testaremos em breve.
 
De série em todas as versões, a tela posicionada ao centro do quadro de instrumentos é uma boa exclusividade desse carro em relação aos rivais, e dá ao Mobi um ar ligeiramente superior. Na versão Like, o equipamento permite monitorar o nível de combustível, temperatura do motor, consumo médio, horário e outras informações, além do indicador de trocas de marchas. Emprestado do Uno, o volante é grande, é verdade, mas já oferece comandos do sistema de som. Confira a lista de itens de série completa ao fim do texto.
 
Teste e consumo
 
Em nossa pista, o Mobi reforçou que não quer ser um carro de velocidade. Ele precisou de longos 16,6 segundos para chegar a 100 km/h, valor bem superior aos 13,8 segundos divulgados pela Fiat. O tempo é semelhante ao que aferimos no Uno Way com mesmo motor (16,7 s), mas inferior ao conquistado pelo VW Cross up! (15 s).
 
Já o consumo pode frustrar quem esperava do Mobi um carro econômico por ser urbano. Em nossos testes, fez 9,1 km/l e 12,5 km/l na estrada, ambos os ciclos com etanol. É verdade que o novo motor 1.0 tricilíndrico que chegará primeiro na linha Uno e depois para o Mobi já promete melhorar esses índices. Porém, o ajuste do câmbio manual faz com que o motor estabilize em altos 4 mil rpm a 120 km/h, prejudicando o consumo rodoviário.
 
Vale a compra?
 
Você já deve estar acostumado a ler ao final das nossas avaliações uma indicação sobre a compra ou não de cada carro, porém optamos por não fazer essa sugestão por enquanto. E isso foi decidido por nossa equipe por considerarmos que algumas informações extremamente relevantes para quem quer comprar um carro, especialmente de entrada, ainda não estão disponíveis.
 
Os dados de segurança são um exemplo. Sabemos, por enquanto, que o Mobi compartilha cerca de 70% da carroceria do Uno, mas ainda não há uma projeção ou teste oficial que demonstre quão seguro o compacto é em caso de acidentes. Os custos de revisão e cesta de peças do modelo não foram oficializados, e são outro fator fundamental para decidir a compra nessa faixa de preços. A Fiat não divulgou o custo de reposição da tampa traseira do porta-malas, uma peça única feita de vidro temperado com cinco milímetros de espessura. Segundo a empresa, ela é três vezes mais resistente que o vidro traseiro do Uno, e suporta o impacto de uma esfera de meio quilo a até 28 km/h. Não saber seu preço, entre outras informações, inviabiliza analisarmos o custo geral de manutenção do modelo. Por ora, vale fazer as contas para saber se ele cabe no seu bolso e, como nós, esperar um pouco mais por informações importantes que ainda não foram divulgadas.
 
Itens de série
 
Banco traseiro bipartido, para-choques pintados na cor da carroceria, Lane Change (aviso de troca de faixa com um toque na alavanca de seta), ESS (pisca alerta com acionamento automático em caso de frenagem brusca), para-sol com espelho para o passageiro, vidros e travas elétricas, computador de bordo, chave telecomando, console central longo com porta copos para os passageiros do banco de trás, limpador e desembaçador traseiro, cintos de segurança dianteiros ajustáveis em altura, maçanetas e retrovisores externos pintados na cor da carroceria, grade dianteira pintada em preto brilhante, comandos internos mecânicos para abertura do bocal de combustível e do porta-malas, revestimento do porta-malas, Cargo Box, rodas de liga leve de 14 polegadas, faróis de neblina, banco do motorista com regulagem de altura, retrovisores elétricos com Tilt Down e repetidores de direção, apoio para o pé esquerdo do motorista, porta-óculos, alças de segurança, sensores de estacionamento, tecidos diferenciados em duas cores com costuras brancas, alarme e rádio Connect com comandos no volante. Não há opcionais.
 
Ficha técnica
 
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 8V, comando simples, flex
Cilindrada: 999,1 cm³
Potência: 75 cv a 6.250 rpm
Torque: 9,9 kgfm a 3.850 rpm
Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira
Direção: Hidráulica
Suspensão: Indep. McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: Discos (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 175/65 R14
 
Dimensões:
Comprimento: 3,56; Largura: 1,63; Altura: 1,50; Entre-eixos: 2,30
Tanque: 47 litros
Porta-malas: 235 litros
Peso: 946 kg
 
Números de teste
 
Aceleração
0 - 100 km/h: 16,6 s
0 - 400 m: 22,4 s
0 - 1.000 m: 37,5 s
Vel. a 1.000 m: 137,1
Vel. real a 100 km/h: 96 km/h
 
Retomada
40-80 km/h (3ª): 9,7 s
60-100 km/h (4ª): 15,8 s
80-120 km/h (5ª): 24,6 s
 
Frenagem
100 - 0 km/h: 43 m
80 - 0 km/h: 27,9 m
60 - 0 km/h: 15,9 m
 
Consumo
Urbano: 9,1 km/l (Etanol)
Rodoviário: 12,5 km/l (Etanol)
Média: 10,8 km/l
Autonomia em estrada: 587,5 km
 
Fonte: Revista Auto Esporte - Portal GLOBO.com

Fotos

Vídeos